F.K. - médica #1
- Corônicas
- 23 de abr. de 2020
- 1 min de leitura
Era um sonho vívido, no conforto de um abraço maternal. Já são 6.0 am , acordo num dia frio com um pico de cortisol nas alturas me lembrando que eu já estou atrasada. Não existe o cheiro aconchegante do café e nem mesmo um abraço de despedida me lembrando de levar uma blusa. Chego na fila em que pego minhas armas frágeis-"Estes serão teu escudo"- diziam os mascarados. Estou pronta. Eu apenas segui num corredor muito iluminado, não sabia exatamente o que encontraria. Naquele momento eu não conseguia mais me lembrar do abraço no meu sonho. "Sinto falta de ar" ele falou num tom mórbido com o rosto em lágrimas. Com as pupilas um pouco dilatadas, eu respondi que tudo iria ficar bem. Mas atrás do escudo eu sabia que não. Ele sentiu o ar invadindo os pulmões e me perguntou: - Quando isso vai acabar? Isso está tão difícil. -Em breve - respondi num tiro certeiro,aumentando o fluxo de ar. Mas consegui sentir a dor nas sílabas como um calafrio por não saber a resposta. Virei as costas e continuava a vagar pelos corredores, alguns me lembravam um pesadelo. E logo voltei. - "Usamos todas as armas, você precisa entregar o seu escudo" - disse o mestre. Naquele momento eu me reconheci , através do reflexo distante na janela. "Estamos conseguindo" - disse o mestre. Tivemos alguns minutos de esperança. Em seguida a penumbra nos deixou cegos naquele momento. Foi breve. "Isso está tão difícil"- Foi a última frase que ecoou na minha mente.
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